O autor nasceu e vive em São Paulo, no Brasil, onde publicou este romance vencedor do Prémio São Paulo de Literatura. A sua voz, sempre acutilante, acompanha o sofrimento desta mãe, Ângela, por vezes num grito ensurdecedor, constante como as ondas que vêm rebentar junto ao pontão onde tenta afogar a dor, outras vezes num grito tão silencioso como a espera ao longo dos últimos trinta anos. «Um filho desaparecido é um filho que morre todos os dias. Nem mesmo nas mitologias mais cruéis há tragédia equivalente; essa dor nenhum deus teve de suportar. Cada noite, ao cair, desaba sobre os pais com o peso renovado da notícia: você perdeu sua criança e ela está naquela escuridão afora, desprotegida. Essa mensagem silenciosa se impregna nas paredes da casa, nos vãos entre os azulejos, nos ponteiros dos relógios e nas páginas dos calendários, nos retratos da família, no chão que se pisa.»