Sendo eminentemente jornalísticas, nas crónicas desta antología predomina a orientação para a actualidade da prática da vida, a banal e quotidiana, mas também a política, cultural, boémia. E também caracterizada por uma liga rara de humor e ternura, que a torna legível e fascinante, qualquer que seja o facto a que se refere, o assunto (ou o nenhum assunto) de onde sempre provém a surpresa e o encanto da leitura. Rubem Braga (1913¬1990), que nasceu no estado do Espírito Santo disse no começo da crónica que dá título à obra: “Vocês desculpem tocar nesse assunto, mas a verdade é que está morrendo muita gente. […] Eu e um amigo estivemos imaginando uma Cidade dos Mortos que funcionasse mais ou menos como esta em que vivemos: uma cidade em que estivessem vivendo os mortos nossos conhecidos, os nossos mortos. Tinha muita gente, e gente ótima; é verdade também que alguns chatos; isso faz parte.”